"Desencontro
Eu e você lembramos daquele mesmo episódio engraçado nosso na mesma semana: mais uma coincidência. Às vezes parece que essa ligação nunca vai acabar, como se tivesse ficado alguma coisa esperando continuar sabe-se lá quando. Olhando de fora, talvez eu pudesse achar meio doentio. Talvez eu tivesse pena de nós dois. Mas não tenho, porque pra mim tem muito mais poesia do que dor. O que era só nosso continua existindo mesmo com a separação, faz parte das nossas vidas que agora andam separadas. Não quero te esquecer totalmente nem vou, porque eu já não sou a que te conheceu, sou a que passou tanto com você, e é por isso que hoje vejo um pouco de você em mim e um pouco de mim em você (pensei nas músicas que você gostava e agora eu ouço, e em você, quem diria, que anda ouvindo Chico Buarque). A gente podia até lembrar tantos outros casais em algumas coisas, mas era muito mais legal. A gente era o casal mais legal do mundo. Você sabe. E é por isso que também não esquece. É por isso que te dói e faz sorrir também. Me mandou a caixa com fotos, cartas e cartões. A caixa que eu dei, os cartões e cartas que eu dei, as fotos em que aparece ao meu lado e uma mecha do meu cabelo. Como se quisesse jogar na cara todas as promessas de amor que eu tinha feito. Como se quisesse me cobrar todos os planos desfeitos. Como se não fosse verdade tudo o que eu te dizia sentir. Eu soube que você disse que eu mudei. Que não gostava mais de mim porque eu não era sombra do que fui um dia. Mas quer saber? Eu continuo a mesma. Algum tempo se passou, muito aconteceu, mas eu sou aquela mesma que te escrevia cartas apaixonadas, te dedicava músicas e te dizia que você era o amor da vida. O amor acabou, mas não porque eu mudei. A vida tem dessas coisas, e pode ter certeza que não foi só você que sofreu. Talvez você finalmente tenha me visto como eu sou, e não como você gostaria que eu fosse. Será que você não percebe que em cada carta não escrita, em cada presente dado, cada ato de romantismo negado, você queria que eu me transnformasse no seu sonho? Mas eu não podia. Eu sou humana, tenho inúmeros defeitos. Mas, acima de tudo, eu não sou você. E você deveria entender isso."
Eu e você lembramos daquele mesmo episódio engraçado nosso na mesma semana: mais uma coincidência. Às vezes parece que essa ligação nunca vai acabar, como se tivesse ficado alguma coisa esperando continuar sabe-se lá quando. Olhando de fora, talvez eu pudesse achar meio doentio. Talvez eu tivesse pena de nós dois. Mas não tenho, porque pra mim tem muito mais poesia do que dor. O que era só nosso continua existindo mesmo com a separação, faz parte das nossas vidas que agora andam separadas. Não quero te esquecer totalmente nem vou, porque eu já não sou a que te conheceu, sou a que passou tanto com você, e é por isso que hoje vejo um pouco de você em mim e um pouco de mim em você (pensei nas músicas que você gostava e agora eu ouço, e em você, quem diria, que anda ouvindo Chico Buarque). A gente podia até lembrar tantos outros casais em algumas coisas, mas era muito mais legal. A gente era o casal mais legal do mundo. Você sabe. E é por isso que também não esquece. É por isso que te dói e faz sorrir também. Me mandou a caixa com fotos, cartas e cartões. A caixa que eu dei, os cartões e cartas que eu dei, as fotos em que aparece ao meu lado e uma mecha do meu cabelo. Como se quisesse jogar na cara todas as promessas de amor que eu tinha feito. Como se quisesse me cobrar todos os planos desfeitos. Como se não fosse verdade tudo o que eu te dizia sentir. Eu soube que você disse que eu mudei. Que não gostava mais de mim porque eu não era sombra do que fui um dia. Mas quer saber? Eu continuo a mesma. Algum tempo se passou, muito aconteceu, mas eu sou aquela mesma que te escrevia cartas apaixonadas, te dedicava músicas e te dizia que você era o amor da vida. O amor acabou, mas não porque eu mudei. A vida tem dessas coisas, e pode ter certeza que não foi só você que sofreu. Talvez você finalmente tenha me visto como eu sou, e não como você gostaria que eu fosse. Será que você não percebe que em cada carta não escrita, em cada presente dado, cada ato de romantismo negado, você queria que eu me transnformasse no seu sonho? Mas eu não podia. Eu sou humana, tenho inúmeros defeitos. Mas, acima de tudo, eu não sou você. E você deveria entender isso."